A Polícia Civil em
Juiz de Fora
abriu inquérito policial nesta segunda-feira (30) para apurar as causas
do acidente com um bimotor King Air que deixou oito mortos na cidade
neste sábado (28). O objetivo é apurar se há algum responsável pelas
mortes para puni-lo criminalmente, enquanto, paralelamente, a
Aeronaútica conduz investigação para evitar a ocorrência de novos
acidentes com as mesmas características.
Morreram na queda do avião o presidente da Vilma Alimentos, Domingos
Costa; o filho dele, Gabriel Barreira Costa, de 14 anos; o
vice-presidente de Marketing e Vendas, César Roberto de Pinho Tavares; a
gerente de Controladoria, Lídia Colares de Souza Lima, que estava
grávida de dois meses; a gerente de Recursos Humanos, Adriana da
Conceição Rocha Ezequiel Vilela; o analista de geomarketing, Tiago
Felipe Cardoso Bretas; o piloto Jair Barbosa e o co-piloto, Rodrigo
Henrique Dias da Silva. As
famílias se despediram das vítimas em cerimônias de sepultamento ou cremação neste domingo (29), em Belo Horizonte.
O inquérito é presidido pelo delegado Roney Ervilha Cabral, da 2ª
Delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora. De acordo com a polícia,
funcionários da pousada, onde o avião caiu, e do aeroporto devem ser
intimados a prestar esclarecimentos. A data não foi informada.
A Polícia Civil informou que a perícia técnica esteve no local do
acidente para fazer levantamentos neste sábado (28) e que vai solicitar à
Aeronáutica informações sobre a análise da caixa-preta.
Apuração da Aeronáutica
Técnicos do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticas, o Seripa 3, estiveram no local do acidente em Juiz de Fora
durante o fim de semana e nesta segunda-feira (30). Eles fizeram o
levantamento inicial, com a coleta de informações e materiais. O órgão é
ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos
(Cenipa), que fica em Brasília e vai dar continuidade às investigações.
De acordo com o Cenipa, a apuração é voltada para a prevenção de
acidente e a segurança de voo, isto é, tem o objetivo de evitar a
ocorrência de outro acidente com as mesmas características. Um dos
principais pontos é análise da caixa-preta, recolhida na cidade mineira.
A assessoria de imprensa do Cenipa informou que não há um prazo
definido para concluir as investigações. Ao término, o relatório final
vai ser publicamente divulgado no site no centro.
A apuração conduzida pelos órgãos da Aeronáutica é independente do
inquérito policial, presidido pela Policial Civil em Juiz de Fora,
ressaltou a assessoria do Cenipa.
AcidenteO King Air prefixo PR-DOC, que caiu em
Juiz de Fora, em Minas Gerais, na manhã deste sábado (28), estava com
manutenção em dia, segundo o coronel Paulo Santos. Segundo ele, o piloto
do bimotor também estava com toda a documentação regularizada junto à
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Todos os mortos estavam a bordo da aeronave, que colidiu contra o
quiosque de uma pousada em Juiz de Fora antes de se chocar contra o chão
e explodir, segundo testemunhas. No momento do acidente havia cerca de
60 pessoas na pousada, mas ninguém ficou ferido. Peças da aeronave,
inclusive a caixa-preta, foram encontradas no pátio da pousada.
A aeronave decolou do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, às 7h07
deste sábado (28). De acordo com o Corpo de Bombeiros, às 11h30, os
corpos das vítimas já haviam sido localizados.
O piloto havia sido avisado que as
condições de voo não eram favoráveis
para pouso, segundo informações do gerente da Sinart, empresa que
administra o terminal de Juiz de Fora. "As condições no momento não eram
favoráveis para pouso. A gente faz o procedimento, ele (o avião) atinge
uma certa altura e (o piloto) tem que avistar a pista. Quando ele
atinge aquele limite, ele (o piloto) avistando a pista, ele prossegue
com o pouso. Caso negativo, ele arremete e faz um novo procedimento",
disse o gerente da Sinarte, Cipriano Magno.
"Ele (o piloto) não falou que queria pousar. (Ele) falou que tava vindo
para o pouso. Após aquela posição, ele não falou mais com a rádio",
completou Magno.
"Com essas condições desfavoráveis, o piloto assume a responsabilidade do próprio voo", disse ao
G1
o coronel Paulo Santos, chefe do Serviço Regional de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 3), órgão da FAB que irá
apurar a tragédia. Não há previsão para divulgação de laudo sobre as
causas do acidente.
Prefeitura e Fiemg
A Prefeitura de Belo Horizonte divulgou uma nota lamentando o acidente.
"Domingos Costa teve uma gestão marcada pelo dinamismo, o sentimento de
humanismo e um espírito empreendedor que projetou Belo Horizonte no
cenário empresarial nacional. O prefeito Marcio Lacerda se solidariza
com a dor dos familiares e dos amigos das vítimas deste acidente aéreo",
informou a assessoria da prefeitura.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também se
solidarizou. "Empresário de visão, ele (Domingos) marcou sua trajetória
pela capacidade empreendedora que trouxe grandes benefícios à economia
de Minas Gerais", salientou o presidente Olavo Machado Junior.